3/10/2008
Chef Fábio Sicília – Terra Madre 2008
Fábio Rezende Sicília se formou como Chef Master no Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF), na Itália, e é proprietário do Restaurante Dom Giuseppe, que fica em Belém/PA. Hoje, possui um currículo extenso como chef de cozinha e com a participação em atividades relacionadas à gastronomia.
Fábio ministrou aulas na área de alimentos e bebidas em uma faculdade local, é autor e colaborador da coluna “Fábio Sicília Gourmet”, do jornal O Diário do Pará, faz parte da diretoria da Associação Comercial do Pará (ACP-PA), apresenta o programa “Em sua Companhia”, da TV RBA no Pará, e é presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Pará (ABRASEL-PA). Além disso, é também líder e fundador do Convivium Amazônia pois, acredita na troca do “eu” pelo “nós”.
O chef colabora com a gastronomia brasileira enfocando a força de trabalho da mão-de-obra local e explorando o talento paraense, usando a mídia nacional e internacional como ferramenta. Fábio conheceu o Slow Food em 2003 e também faz parte da delegação brasileira de chefs no Terra Madre 2008.
Leia a entrevista com Fábio Sicília.
Como começou seu trabalho com gastronomia?
Fábio – Meus pais sempre foram proprietários de restaurante, sendo administrado pela minha mãe como apenas um complemento da renda familiar. Com o falecimento do meu pai, Giuseppe Sicília, a gastronomia se tornou nossa única fonte de renda, idealizamos um restaurante em homenagem a ele e esse sonho se tornou realidade em 1991. No ano de 1995, minha mãe, Jussara Rezende, faleceu e eu fiquei a frente do restaurante, contando com o apoio da minha irmã. Como precisávamos profissionalizar o negócio, fui em busca de mais conhecimentos. Fiz estágios na Itália, pequenos cursos em escolas da Europa, e em 2003 fiz o curso de Chef Master no ICIF, na região do Piemonte, Itália.
Que tipo de cozinha é servida no restaurante Dom Giuseppe?
Fábio – Servimos Cozinha Italiana mas, reservo uma parte para as criações com ingredientes amazônicos, que batizei de Cozinha Amazônica Contemporânea.
Você participou do Terra Madre 2006. De que forma essa experiência influenciou a sua carreira?
Fábio – Modificou não só a minha carreira, mas a minha vida. Em meio a esse ambiente muito vaidoso e, às vezes tolo, como o dos chefs de cozinha, passei a vislumbrar um sentido para minha profissão. Saí desse meio, para as ações concretas que desenvolvem valores nobres, com resultados:
Justos para quem compra e para quem vende, para o planeta e para as diversidades do homem.
Limpos no preparo, nas criações, nas plantações e principalmente nas intenções de cada indivíduo.
Bons de gosto e de efeitos colaterais.
Como a sua participação no Terra Madre 2008 pode ser importante para o Brasil?
Fábio – Nessa troca de experiências, espero contribuir e descobrir ferramentas melhores para cumprirmos a nossa missão, da forma menos equivocada possível.
De que forma você pretende expandir os conhecimentos obtidos no Terra Madre 2008?
Fábio – Além da rede de contatos, pretendo multiplicar os conhecimentos através dos Convivia e das pessoas que me rodeiam.
Qual é o seu objetivo junto ao Movimento?
Fábio – Acredito nos preceitos do movimento. Através deles, pretendo me transformar a partir das mudanças que quero ver. Tenho conhecimento que sem feio não existe belo, e assim passo a ver a beleza do feio e a feiúra do belo.
Dentro dos vários princípios do Slow Food, o que mais aguçou a sua curiosidade?
Fábio – O respeito às diversidades, e principalmente, a proposta de como praticar o mesmo.
O que você faz para ajudar os pequenos produtores de sua região a divulgarem os seus produtos?
Fábio – Fico assombrado em ver como, na Amazônia, a maior biodiversidade do planeta, não existe o hábito de aproveitamento das safras e, a utilização da diversidade de produtos que a natureza nos proporciona. Hoje, estou como apresentador de um programa de televisão e trabalho constantemente os valores do movimento. Como presidente da ABRASEL, conseguimos difundir mais rápido o Slow Food entre os associados da região e do Brasil. Gradativamente, tento esclarecer aos empresários do meio de alimentação sobre a importância do movimento pois, os que estão envolvidos com a rede fast food temem e acabam nos boicotando. Tenho conseguido manter o diálogo e mostrar o quanto é importante estarmos abertos a mudanças.
Você participa de algum outro projeto relacionado à gastronomia e meio ambiente?
Fábio – Sim, através da ABRASEL, estamos ligando os restaurantes associados ao pequeno produtor, com o apoio do SEBRAE-PA. Fazemos o trabalho de identificação, dimensão do consumo de produtos dos restaurantes e trabalhamos na inserção de novos produtos. O SEBRAE entra com o apoio ao pequeno produtor, montando cooperativas e estruturando a logística, linhas de crédito, treinamentos de gestão e qualificação da mão-de-obra.
Para você, qual o maior desafio um chef de cozinha pode encontrar ao trabalhar de acordo com os princípios do Slow Food?
Fábio – A logística e a educação do consumidor para a sazonalidade dos produtos.
4 Comentários
1. Ofir nobre de oliveira | 3.10.08 às 4:19
É com muita satisfação que leio esta entrevista , pois foi através do meu amigo Fabio que eu hoje participo deste grande movimento, conhecendo o trabalho sei como o Fabio é uma pessoa que realmente posibilita que as coisas venham mesmo acontecer . Parabens pela sua entrevista, até a Italia .
Ofir Nobre de Oliveira
2. Roberta Sá | 6.10.08 às 11:29
Fábio
é muito bom poder contar com você no nosso time! Concordo com o Ofir: você faz acontecer.
Até breve, agora falta pouco.
3. adriana lucena | 7.10.08 às 10:55
Lendo sua entrevista começo a acreditar que as “feiúras” do mundo estão diminuindo por existir uma alma BELA como você!
Permito-me dizer que sou muito feliz porque estarei ao seu lado neste Terra Madre. (faltam 15 dias!!!!)
4. ROSENILSON FAVACHO | 10.03.09 às 10:12
ESTIVE RECENTEMENTE EM BELEM, A APÓS LIGAR A TELEVSAO, DE CARA VEJO FABIO SICILIA, MUITO OBRIGADO POR ME INSPIRAR COMO CHEFE TAMBEM, LHE AGRADEÇO, PELOS SEUS CONSELHOS. CONTINUE EXPLORANDO NOSSOS INGREDIENTES E VALORIZANDO-OS CADA VEZ MAIS.]