6/10/2008
Chef Teresa Corção – Terra Madre 2008
A chef de cozinha Teresa Corção é apaixonada por culinária. Fez muitos cursos no Brasil, no exterior e, continua estudando até hoje, por isso, sempre tem uma nova dica para dar e um novo ingrediente para usar na cozinha do seu restaurante, O Navegador, que fica no Rio de Janeiro.
Teresa é fundadora e presidente do Instituto Maniva, que desenvolve projetos nas áreas de educação, cultura e agricultura, em defesa da ecogastronomia. Um dos projetos, são as Oficinas de Tapioca, que até hoje, já ensinou mais de 1800 crianças sobre as origens da mandioca e sua importância para o Brasil.
Além de ser colecionadora de livros de gastronomia e receitas de família, Teresa Corção irá representar o Brasil no Terra Madre 2008, e diz “meu objetivo junto ao Slow Food é ser uma chef que representa concretamente a filosofia do movimento”.
Leia a entrevista com a chef Teresa Corção
Como começou seu trabalho com gastronomia?
Teresa – Minha paixão pela culinária começou quando criança, convivendo com as mulheres da minha família e com as cozinheiras, passei os melhores momentos da minha infância. Ajudá-las, enquanto as via trabalhar, era meu passatempo predileto. Na faculdade, me formei em Design, mas meu hobby era mesmo cozinhar. Morei dois anos fora do Brasil e quando voltei fui convidada por minha irmã, que tinha aberto um restaurante, para cuidar da parte da culinária.
Que tipo de cozinha é servida no restaurante O Navegador?
Teresa – Meu cardápio é dividido em duas partes: na primeira, trabalho com a cozinha regional brasileira, utilizando receitas e produtos que encontro em minhas pesquisas e viagens. Procuro trazer para a mesa os pratos da família brasileira de vários cantos do país. Na segunda parte, trabalho com pratos internacionais, de culinária fusion, com ingredientes de várias procedências e com a combinação de técnicas de diversas culturas.
Você participou do Terra Madre 2006. De que forma essa experiência influenciou a sua carreira?
Teresa – Foi uma experiência inesquecível. Estar entre aquelas pessoas de países distantes e ao mesmo tempo fazer parte do grupo de brasileiros, fez daquela semana um momento importante e fundamental para o futuro do meu trabalho como cozinheira e também do futuro do Instituto Maniva.
Como a sua participação no Terra Madre 2008 pode ser importante para o Brasil?
Teresa – Acredito que todos que estiverem lá, presenciarão algo que pode ser trazido para o Brasil nos seus corações e mentes. Essa experiência influenciará o futuro de nossas vidas, nosso trabalho e, conseqüentemente, poderá ser muito importante para nosso país.
Como você pretende expandir os conhecimentos obtidos no Terra Madre 2008?
Teresa – Através dos contatos feitos lá e também pesquisando os assuntos descobertos nas oficinas.
Há quanto tempo você conhece o Movimento Slow Food?
Teresa – Conheci em 2001, através da Margarida Nogueira, líder do Convivium Rio de Janeiro que me convidou para ser sócia. Juntas, fomos a um evento do Slow Food na cidade do Porto, em Portugal. Saí de lá consciente que o papel do chef de cozinha não se restringe somente aos restaurantes e, um ano depois nascia o Projeto Mandioca, no qual um grupo de voluntários ensina os descendentes de nordestinos nas escolas públicas do Rio, a fazer um alimento cultural de seus antepassados, a tapioca ou beiju.
Dentro dos vários princípios do Slow Food, o que mais chamou a sua atenção para se associar?
Teresa – O encontro das pontas da cadeia produtiva alimentar: os produtores e os chefs. Ambos amam os alimentos.
O que você faz para ajudar os pequenos produtores de sua região a divulgarem os seus produtos?
Teresa – No meu cardápio uso produtos da agricultura familiar, na sua maioria orgânicos (hortaliças, palmito, outras verduras e legumes, geléia de pimenta e queijos) que compro direto do produtor. Divulgo a origem dos mesmos e promovo encontro dos produtores com a equipe do restaurante, propiciando um melhor entendimento por parte dos funcionários sobre a importância dos cuidados específicos com os alimentos orgânicos. Isso faz com que o excedente de alguns produtores sejam vendidos com os mesmos preços dos convencionais e utilizados para a alimentação dos funcionários.
Como você tem percebido a atuação e aceitação da sociedade em relação ao Slow Food, e a projetos que tem como filosofia a qualidade alimentar associada ao sabor?
Teresa – Acho que o Slow Food ainda é pouco conhecido do grande público brasileiro. Sua filosofia é baseada em conceitos relativamente novos, mas alguns consumidores e produtores ainda não se atentaram a ela, embora isso esteja melhorando aos poucos.
Para você, qual o maior desafio um chef de cozinha pode encontrar ao trabalhar de acordo com os princípios do Slow Food?
Teresa – No Brasil, é conseguir os produtos. O país é muito grande e, o custo do frete e a falta de infraestrutura são um grande problema.
8 Comentários
1. Eliana | 6.10.08 às 4:35
Parabéns, Teresa. Este ano, infelizmente, não vou ao Terra Madre, mas estarei torcendo por todos vocês que batalham pelos conceitos do Slow Food e que irão representar o Brasil.
Um grande abraço,
Eliana
2. Alessandra Brant | 6.10.08 às 9:39
Teresa, parabéns pelo trabalho. Gosto muito também do seu trabalho com as crianças.
Um grande abraço,
Alessandra
3. Neide Rigo | 7.10.08 às 7:41
O trabalho da Teresa é uma inspiração para todos nós do Slow Food. Parabéns!
Neide
4. adriana lucena | 7.10.08 às 11:59
Que sua paixão contagie a todos que fazem parte de rede Terra Madre!
um beijo dessa admiradora e também tapioqueira, adriana lucena
5. Margarida Nogueira | 7.10.08 às 4:29
Minha querida.
Vai, minha irmã..pega este avião….
E vai mostrar mais uma vez com todo seu talento e criatividade, a real importancia da mandioca para a nossa terra e tudo que ainda temos que fazer para defende-la.
Tanti auguri!!!
E depois me conta!!!
Beijo carinhoso,
Margarida
6. Murielle Dargaud | 7.10.08 às 5:25
Que bom Teresa de te encontrar de novo.
Abraços do Cerrado
Murielle
7. Ofir nobre de oliveira | 9.10.08 às 9:48
É com muita satisfação que li, esta entrevista e sei o esforço que a Chef Tereza Corção faz para valorizar a cultura da mandioca , a autentica culinaria nacional. Abraços.
Ofir Oliveira.
8. Marlene | 9.10.08 às 11:15
Teresa,
que você continue indo longe com seus sonhos e consiga cada vez mais transformá-los em realidade! Viva a mandioca! Viva o Maniva! Sucesso, beijo,
Marlene