29/06/2010
Licuri: o coquinho do Sertão Brasileiro
Texto de Adriana Martins
Em abril de 2010 aconteceu a III Festa do Licuri, promovida pela Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina (Coopes), no município de Várzea da Roça (BA). Licuri, que o C&Bconheceu no II Terra Madre Brasil, é a amêndoa do fruto de uma palmeira nativa de nosso país, típica do clima árido da caatinga. A espécie espalha-se do norte de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco até Alagoas e Sergipe.
Conhecido também como coco-cabeçudo, alicuri, uricuri, ouricuri ou nicuri, tem gosto delicioso de coco com um toque de castanha. O licuri faz parte da lista de alimentos protegidos pelo Slow Food, por meio do projeto Arca do Gosto. Uma vez quebrada a casca, a amêndoa pode ser consumida in natura, torrada salgada, caramelizada ou em forma de farinha. Também rende paçoca, cocada, granola, licor, óleo e um azeite perfumado, ideal para finalizar pratos ou para cozidos, frituras e grelhados rápidos. Com a farinha pode-se fazer pães, biscoitos e pudins.
A Coopes foi fundada em maio de 2005, a partir do projeto de extensão Conviver, da Escola Família Agrícola de Jaboticaba. Antes de sua criação, porém, as mulheres da zona rural já haviam iniciado experiências com o licuri, lideradas pela atual coordenadora da Coopes, Josenaide de Sousa Alves. A partir desse trabalho foram convidadas, em 2004, a participar do encontro Terra Madre em Turim, Itália, onde apresentaram o coquinho à comunidade internacional. Seguiu-se uma trajetória de sucesso, com filiação na Unicafes (União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária) e em outras entidades, participações em feiras e rodadas de negócios e substancial melhora da renda das famílias produtoras.
Hoje, segundo Josenaide, a maior dificuldade está na conservação do produto e na distribuição, atualmente feita pelo Correio (o que encarece o preço final). Nesse sentido, a parceria com uma transportadora ajudaria bastante. A coordenadora também explica que o processo de embalagem a vácuo dobraria o tempo de validade do licuri (torrado, dura oito meses). Os contatos para adquirir produtos da Coopes estão em www.coopes.org.br. Assim como vários chefs do Brasil, que caíram nas graças do licuri, o C&B recomenda.
Texto publicado na coluna Comer&Beber do Diário do Nordeste, em 16/4/2010
1 Comentário
1. MANOELA DUARTE SILVA | 24.03.12 às 11:35
existe a farinha do licuri como a da mandioca?