12/08/2008
Chef Faustino Paiva – Terra Madre 2008
José Faustino Paiva é filho de agricultores do sertão do Ceará e também já trabalhou como agricultor durante a seca do Nordeste. Após viver um tempo no Rio de Janeiro trabalhando na limpeza de um restaurante de dia e trabalhando de graça à noite para aprender a cozinhar, se diz orgulhoso de ter aprendindo gastronomia na prática e se vê como um professor de seus atuais e antigos funcionários.
Hoje, Faustino é proprietário do Restaurante Cantinho do Faustino, que fica em Fortaleza e um dos Chefs que irão representar o Brasil no Terra Madre 2008. Com muita simplicidade, diz que aprendeu a cozinhar com garra, força de vontade e humildade.
Além da simpatia, a criatividade é um dos principais adjetivos que garantem o sucesso de Faustino. Ele trabalha com o reaproveitamento de alimentos a fim de evitar o desperdício e, cultiva uma infinidade de vegetais orgânicos em seu sítio e numa horta localizada sobre o seu restaurante.
Leia a entrevista com o Chef Faustino Paiva
Você participou do Terra Madre 2006, de que forma essa experiência teve influência na sua carreira?
Faustino – Após a participação no Terra Madre 2006 minha carreira mudou muito, é como se eu tivesse levado uma injeção de coisas boas. Aprendi a investir na qualidade dos alimentos e no tratamento com os clientes. Procuro colocar as regras do Slow Food dentro do restaurante para abrir a mente das pessoas que trabalham comigo e dos meus colegas também donos de restaurante a conhecerem o que é o alimento justo. Tenho percebido que muitos deles tem se interessado em conhecer mais sobre o movimento.
Qual a importância da sua participação no Terra Madre 2008?
Faustino – O aprendizado que o Terra Madre irá me proporcionar mais uma vez. Pretendo passar tudo que aprender para outras pessoas pois, vejo o Slow Food como uma forma de exercer a solidariedade, de ajudar os outros.
O que você faz para ajudar os pequenos produtores da sua região a divulgarem os seus produtos?
Faustino – Tenho tido pouco contato com os pequenos produtores, mas no momento estou tentando fazer o trabalho de divulgação e conscientização com os chefs de cozinha. Quando sou convidado a participar de algum evento, geralmente ofereço um coffee break, falo sobre a minha vida, sobre o Slow Food, e sobre o que tenho encontrado nas minhas viagens para fora.
Você participa de algum outro projeto relacionado à Gastronomia e Meio Ambiente?
Faustino – Ainda não, porém, estou tentando organizar a criação de novas comunidades. Levei algumas pessoas de Brasília para conhecer o trabalho das comunidades da minha região, que são na maioria beneficiadores de castanha, e pretendo no futuro incentivar os produtores a se organizarem melhor para formarem comunidades do alimento.
Há quanto tempo você conhece o Movimento Slow Food?
Faustino – Conheci o Slow Food há dois anos através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que me encontrou por causa da horta orgânica que tenho em cima do restaurante para enfeitá-lo e oferecer aos clientes alimentos frescos. Cerca de 60% dos produtos com que trabalho são orgânicos e produzidos no meu sítio e na horta do restaurante. Gostaria muito de aumentar essa porcentagem e poder colocar esses alimentos a venda, que vão desde hortaliças diversas, ao cajú e seus derivados (cajuína, mel de cajú, cachaça de cajú) até o creme de leite, leite condensado e queijo.
Qual é o seu objetivo junto ao Movimento?
Faustino – Tenho como objetivo divulgar os projetos do Slow Food para as comunidades, independente de qualquer ajuda do governo. Gostaria de ensiná-los a aproveitar e armazenar os alimentos para que não haja desperdício, usando principalmente a criatividade e a simplicidade.
Você pretende desenvolver algum projeto dentro da área gastronômica?
Faustino – Estou um pouco parado no momento pois estive envolvido em melhorar as condições do sítio. Quando voltar do Terra Madre pretendo plantar novos alimentos no restaurante e criar uma espécie de clube para reuniões com intuito de organizar as comunidades da minha região. O grande problema para os agricultores é a burocracia, o ato de produzir é fácil mas acredito que deveria ter mais incentivo, principalmente quando se trata de estipular um preço nos produtos a fim de obter lucro e cobrir as despesas. Tenho muitas idéias, gostaria de formar cooperativas que dão esses tipos de incentivos aos pequenos produtores, mas é complicado ajudar pessoas que já foram muito maltratadas pela vida e, muitas vezes não confiam na ajuda alheia.
6 Comentários
1. Roberta Sá | 12.08.08 às 11:25
Grande Faustino!!
Que saudades da sua comida deliciosa, simplicidade e gentileza. Estou muito feliz que você está participando cada vez mais da nossa rede.
2. Juliana de Andrade | 13.08.08 às 8:17
Chef Faustino!Lembro com carinho tudo que aprendi sendo sua assistente só por um dia no Terra Madre 2007…muito interessante aquela bebida que voce faz com o caju!
3. Eliana M. M. Ferreira | 13.08.08 às 8:28
Caro Faustino
Parabéns, você merece todos os louros por sua garra e trabalho.
Acho que todos aprendemos muito com você, com sua simplicidade e, principalmente, os que já tiveram o prazer de degustar suas criações gastronômicas (maravilhosos peixes, cabrito, sorvete de azeitona preta….., etc, etc).
Este ano não vou estar em Turim, mas estarei torcendo por você.
4. Margarida Nogueira | 9.10.08 às 12:46
Ola Faustino,
Fico feliz com sua participação pois sei que voce é um tremendo representante da nossa terra!
Em breve vou ver voce lá em Fortaleza,no seu delicioso cantinho!
Até e um grande abraço,
Margarida
5. Carlos Henrique Moura | 7.12.08 às 7:17
Um das melhores comidas que experimentamos no periodo em que moramos em Fortaleza.
Fui frequentador de pelo menos 2 vezes por semana,meu prato predileto era o arroz puxado com a logosta na manteiga com suas finas ervas,sem falar nos caldinhos uma cervejinha veu de noiva.
Uma dica para quem nao conhece o cantinho do Fautino.
Voltei para o RJ e estou com muitas saudades da comida dele.
Estamos preparando uma breve chegada a Forlaleza e nao vou deixar de visita-lo
Pra vc Fautino um grande abraco.
Carlos Henrique
6. MARTA CUNHA | 13.10.09 às 4:14
BOM DIA FAUSTINO
MUITO PRAZER EM CONHECÊ-LO POR UM ACASO. ATÉ AQUELE MOMENTO SÓ TINHA OUVIDO FALAR NO RESTAURANTE POR COLEGAS DA UNIVERSIDADE E COMO NÃO COSTUMO MUITO SAIR PARA COMER FORA CONHEÇO POUCOS LUGARES.
MAS HOJE RECEBI UM CONVITE DE AMIGOS(A) PARA ALMOÇAR NO SEU RESTAURANTE.
ADOREI A RECEPITIVIDADE E O TEMPERO SUAVE DOS PRATOS (ARROZ DE BROCOLIS + SIRIGADO NA BRASA). UM CANTINHO CHARMOSO E ACOLHEDOR.
OBRIGADA PELA ATENÇÃO, SIMPATIA E PARABÉNS PELO TRABALHO SOCIAL.
OBRIGADA MAIS UMA VEZ SEMPRE VALE APENA QUEBRA ROTINA POR QUE CONHEÇEMOS PESSOAS NOVAS E NOS FAZ SORRIR POR ALGUNS MOMENTOS.
MARTA CUNHA