28/09/2008
Comunidades das Abelhas Nativas – Terra Madre 2008
A versão completa do vídeo pode ser acessada neste link:
Caminhada da Colheita (22 min)
As abelhas nativas sem ferrão – sub-família Meliponinae, agrupadas em três tribos: Meliponini, Trigonini e Lestrimelitini – constituem-se nos polinizadores principais de 90% das árvores brasileiras e desempenham uma importante tarefa na nidificação das matas e ecossistemas.
A meliponicultura, ou seja, a criação de meliponíneos, é uma atividade que contribui para a conservação das abelhas e de seus habitats; ameaçados pela ação de meleiros que derrubam as árvores para retirar o mel, serrarias, uso de inseticidas e destruição acelerada das matas.
Existem poucos estudos sobre as propriedades deste mel. Entretanto, as abelhas nativas já são bem conhecidas pelos índios e caboclos há centenas de anos e o seu mel sempre foi valorizado porque, segundo a crença popular, é medicinal, ótimo para gripes e resfriados, por exemplo. Leia mais sobre as abelhas nativas e a meliponicultura.
As comunidades do alimento do Brasil que se dedicam à meliponicultura e que estão confirmadas para participar do Terra Madre 2008 são:
- FORTALEZA DO NÉCTAR DE ABELHAS NATIVAS SATERÉ MAWÉ
O mel feito de flores de guaraná é produzido por pequenas abelhas silvestres sem ferrão chamadas abelhas canudo. Essas pequenas abelhas são responsáveis pela polinização de pelo menos 80% da flora na Amazônia. A abelha canudo desempenha um papel especialmente importante, faz parte da população local de Scaptotrigona, uma sub-família das Meliponinae, que inclui 300 espécies de abelhas tropicais americanas, todas elas muito pequenas e sem ferrão. Os índios Sateré-Mawé criam as abelhas canudo em suas aldeias para preservar o mel Maia, que é muito líquido, aromático e saboroso. Hoje em dia as espécies originais de abelha foram quase completamente substituídas por abelhas melíferas. A substância produzida pelas abelhas canudo é muito diferente do mel e sua melhor denominação neste caso seria néctar.
Saiba mais sobre a Fortaleza do Nectar de Abelhas Nativas
- ABELHAS NATIVAS DO MARANHÃO
A Amavida é formada por 150 famílias, que moram em 18 povoados localizados no Estado do Maranhão e trabalham com o manejo e a criação de abelhas nativas sem ferrão. Seu principal produto é o natmel, que no passado era usado por índios para tratar suas afecções respiratórias. A comunidade também produz outros alimentos ligados à biodiversidade das abelhas nativas, como o natpólen desidratado, o composto de mel com natpólen, doces e licores de frutas regionais de importância para a reprodução das abelhas nativas e o artesanato. O natmel é vendido com o nome de Meliponina e pode ser distinguido do mel comum porque é mais ácido e menos doce e sólido. As atividades da comunidade são coordenadas pela Associação Maranhense Para a Conservação da Natureza (AMAVIDA), recebe suporte da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e é monitorada e supervisionada pelo Instituto Abelhas Nativas (IAN). Utilizam parâmetros, processos e equipamentos de produção que foram desenvolvidos para atender as necessidades locais e manter os ideais de sustentabilidade. Há projetos para combinar a produção de natmel com a de outros produtos locais, através da criação de pequenas oficinais que produzem bolos e geléias como parte de uma estratégia definida como uma “estrutura de produção eco-sistêmica”.
Área de produção: Urbano Santos, Maranhão, Região Norte
Coordenador da comunidade: Antônio Ilson Constantino
Saiba mais sobre a Comunidade das Abelhas Nativas
> Visite o site da AMAVIDA
Murilo Drummond, deixa o convite:
Estamos entrando novamente na rota da “Caminhada da Colheita”, edição 2008, do Projeto Abelhas Nativas – durante o período da Caminhada, o projeto está aberta à visitação. Na próxima semana, como acontece no final de setembro e início de outubro, a comunidade de Limoeiro estará disponibilizando o seu precioso natmel para a colheita, marcando o início da temporada. A partir daí outras comunidades virão, assegurando a safra de natmel que estará sendo disponibilizada ao mercado a partir do início de 2009. Venham conhecer e usufruir da nossa gente, do nosso mel, da nossa cultura, da nossa terra, das nossas abelhas e da nossa tecnologia.
4 Comentários
1. Teresa Corção | 29.09.08 às 12:13
Muito interessante conhecer a origem desse produto tão maravilhoso. Acho que ele talvez seja um dos produtos de maior alcance de mercado para todo o Brasil por sua facilidade de transporte e guarda. Estou interessada em conhecer os produtores e produtos no Terra Madre e gostaria muito de poder ter os produtos aqui no Rio. será que a gente consegue? Teresa
2. Ofir nobre de oliveira | 29.09.08 às 10:13
Parabens pela bela iniciativa , gostaria desaber como receber este prodito aqui no sul onde moro poisestou desenvolvendo um prato o qual chamo o mais original docê do Brasil pois é justamente mel com cupuaçu e mel . estarei no aguardo.
Ofir
3. Murilo Drummond | 30.09.08 às 10:21
Pelo que estou vendo, vai ser pela boca que vamos mudar o conceito internacional do mel das abelhas nativas. Um pouco de regionalismo não faz mal a ninguém. O que o mundo precisa saber é o que os índios já sabem há anos: mel das abelhas sem ferrão das américas é um produto completamente diferente do mel tradicional (de Apis), e muito mais rico.
4. Leo Drummond | 1.10.08 às 12:12
Parabéns ao site de divulgar inciativas tão singulares como a Caminhada da Colheita. Tive a oportunidade de conhecer estas familias tão especiais na Feira do Mel em Belo Horizonte e realmente a estória destas pessoas emociona e o sabor do mel é delicioso.
Um trabalho com essência.